quarta-feira, 6 de junho de 2012

FERIDAS DE UMA VIDA




Nós somos muito mais complexos do que imaginamos ser. 
Podemos perceber o quão complexo somos com o “simples” fato de olharmos como se dá, de fato, o relacionamento humano.
Quando nos relacionamos com uma outra pessoa, seja numa amizade ou num namoro e até mesmo nos “ficas” que, infelizmente é algo tão comum hoje, não existe apenas uma troca de conhecimento de uma historia de vida, relacionar-se com o outro não é apenas saber do que esse outro gosta ou pensa, não é somente troca de carícias, abraço, beijo. O relacionamento humano vai muito mais longe, chega a uma dimensão que transcende.
                                                               
Ao nos relacionarmos com um outro entramos numa comunhão tão profunda de vida que acabamos unindo ao outro tudo aquilo que temos; as nossas qualidades e também as nossas feridas.
Sim, é isso mesmo, nossas feridas acabam afetando o outro. É por isso que acabamos, muitas das vezes, ferindo o outro quando não queríamos.
Ao relacionar-se com uma outra pessoa as nossas feridas a afeta e, se esse alguém não tiver a maturidade necessária para saber lhe dar com as feridas desse outro, ela acabará se envolvendo com elas e acabará se ferindo com as feridas do outro.
É por isso que as feridas precisam ser curadas. Uma ferida aberta no passado que não foi curada será sempre uma ferida presente e viva, geradora de novas feridas.

O que mais me impressiona em Jesus não era a quantidade de milagres que ele fazia, mas era a sua capacidade de amar, de dar ao homem o que de fato ele precisava. As curas que ele realizava não eram, nenhuma delas, curas somente físicas, eram curas na alma, curas de um passado ferido.
Jesus sabia que somente a cura de uma alma, de uma história ferida, era capaz de fazer uma pessoa ser livre de verdade. E ele sabia que somente a verdade era capaz disso, de revelar a ferida com o objetivo de ser curada. Foi isso que ele fez com aquele paralitico entrevado há anos numa maca por causa de uma paralisia. Jesus não o cura, de imediato, fisicamente, mas ao dizer: “Os teus pecados estão perdoados.” Jesus realiza a primeira cura daquele homem e ela acontece na sua história, Jesus cura as feridas de sua alma e lhe dá a paz, somente após isso a cura física lhe é concedida. Uma alma, uma história ferida será sempre uma ferida que se revela no corpo, não adianta querer esquecer uma lembrança dolorosa, enterrar não é resolver, enterrar é guardar pra sempre algo que só trará sofrimento desnecessário.

Jesus sabia disso e a cura física daquele cego não foi com o objetivo de somente curar uma cegueira, mas essa cura se deu porque aquele homem precisava curar sua alma e essa cura só se daria se ele visse a verdade, verdade essa revelada nos olhos de Jesus. Por isso a cura física desse cego tem o objetivo de fazer com que aquele homem pudesse olhar, literalmente, olhar nos olhos de Jesus, porque somente assim, naqueles olhos, tudo seria revelado, tudo seria curado. Eram as feridas de sua alma, da sua história, que o cegava fisicamente. São as feridas de nossa historia, da nossa alma, que nos cega. Feridas que não nos permite ver a verdade e é por isso que a única coisa que pode resolver isso é a própria verdade.
                                                                               
Uma lembrança que atormenta e causa dor, uma lembrança que até nos causa indiferença é certeza de uma historia ferida e ferida não curada.                 

                                                                               
Curar o passado é curar o presente na perspectiva de um futuro livre, pois é descongelando o passado que se verá o rio da vida correr livremente sem barreiras que o impeça de seguir seu curso. Permitir-se curar numa historia dolorida é permitir-se viver uma vida verdadeiramente santa, pois não há santidade sem liberdade nem há santidade sem maturidade. E quer maior maturidade que CONHECER-SE e PERMITIR-SE ser curado?


                                                                                                  (Texto escrito por Itamar Antônio)

domingo, 3 de junho de 2012

A IMPORTANCIA DE SE TER AMIGOS

 


                                                                                                            








                                                                                           Itamar Antônio (membro da Comunidade Católica Shalom-CA, estudante de psicologia pela Estácio-FASE, colaborador de nosso blog)




A vida nos reserva inúmeras coisas boas e dentre elas está a amizade.

Como seres humanos, não nascemos para a ilha, ou seja, para o isolamento em nós mesmos, nascemos para o relacionamento, precisamos nos relacionar com outras pessoas, se não, seria impossível até conhecer-se nas nossas particularidades.

Gosto muito daquele filme chamado “Náufrago” onde o personagem que vive um náufrago, numa ilha deserta, vê numa bola de vôlei uma via de escape que parecia tão real, na verdade era real porque a idéia de está sozinho, sem ter com quem conversar, era insuportável pra ele. E aquela simples bola torna-se para ele a segunda “pessoa” mais importante de sua vida, pois a primeira já tinha lugar cativo; a sua “potencial” esposa.


                                                       
Mas se ele só precisava conversar com alguém, ou seja, se ele só precisava “desabafar” porque então ele não o fez com o retrato de sua namorada? Porque como um homem que é feito para o relacionamento não foi feito para relacionar-se com uma pessoa apenas, cada pessoa ocupa um espaço fundamental e importante no nosso processo vivencial. Sua namorada era amiga e ocupava um lugar que era só dela, mas ele precisava de alguém diferente que o mostrasse, e o ensinasse o que ela não saberia, que era lhe dá com aquela ilha. Por isso é bom e importante termos muitos amigos, mas, amigos de verdade.

Então ele encontra um grande amigo chamado Wilson que aos poucos, com sabedoria, vai lhe falando as palavras certas na hora certa. Amigo que sabia silenciar quando o silencio era a melhor resposta. Amigo que era humano e cometia os seus erros. Amigo o qual quando percebia que o acusara injustamente corria atrás para reconciliar-se. Foi com erros e acertos nessa “amizade” que o náufrago foi crescendo e se conhecendo até perceber que agora tinha segurança e conhecimento para lhe dá com aquela ilha.
                                                                        
O náufrago sem perceber descobriu que seu grande amigo era ele mesmo, ou melhor, estava nele mesmo. As palavras do Wilson eram, na verdade, as palavras de sua consciência. Aquela voizinha a qual ouvia, achando que provinha de uma bola velha era a sua voz interior. E era disso que ele precisava, era dessa voz que ele precisava ouvir para orientar-se. Essa voz que tantas vezes parece confundir-se com outras vozes que existem em nós e fora de nós, mas que não nos ajudam a sair de um problema, de um vício, de uma dependência, pelo contrário nos empurra ainda mais para elas, e o pior é que acabamos em nossa vida ouvindo mais essas outras vozes que não nos levam a real necessidade da nossa vida. Vozes que nos guiam para longe daquilo que na verdade somos.
                                                           

Meu Deus quantas vezes já me vi em situações em que quando “caí na real” descobri estar num lugar o qual não deveria está. Pessoas as quais nunca deveria ter tido como amigas ou até fazendo coisas que nunca me imaginei fazer. Isso se deu por me deixar seguir essas outras vozes que me levara para longe daquilo, do lugar, para o qual fui criado me descaracterizando e me tornando uma “outra” pessoa.
Quantos sonhos de infância não foram esquecidos? Quantos planos feitos foram deixados de lado? Porque será? Será que esquecemos porque eram sonhos apenas de criança ou porque nos deixamos guiar por essas outras vozes as quais nos levaram para longe e que nos fez esquecer o motivo para o qual fomos criados? Será que esses sonhos já não era uma pré-figuração de uma vida, de um sonho de Deus que já se manifestara na pureza de uma infância? Ou caímos mais uma vez no engano de achar que só o adulto, só quando adulto, é que saberemos e conheceremos o sentido da nossa vida?
                                                                                             
Jesus sempre teve predileção pelas crianças, pois elas têm o coração puro. Não seria então possível que Ele já não se revelasse a elas? Não seria então possível que esse sonho de infância fosse, na verdade, uma revelação de nossa própria identidade, ou seja, de nossa vocação? Ou preferimos achar que quando criança não sabemos o que fazemos? Quando criança é bobagem tudo o que pensamos?
Bobagem mais pensamos e fazemos agora enquanto “adultos” e “maduros”.
E é por essas bobagens que, como adultos cometemos, não podemos andar sozinhos. Precisamos dos amigos para nos ajudar a enxergar o que não conseguimos e que pode não está em conformidade em nós e nas nossas decisões.
É por isso que devemos escolher bem as nossas amizades, pois ao andar com elas, estará andando junto a nossa vida, a nossa história, o nosso futuro, pois como sabemos, o futuro é conseqüência das decisões que tomamos no nosso presente.
Por isso escolha bem suas amizades, pois elas tanto podem te levar para um céu como podem te levar para longe dele.
                                                                                 
Pensar um pouco sobre nossas amizades como eram e como tem sido hoje me parece ser um bom começo e uma boa prática. O que de bom este amigo, esta amiga, me faz perceber? Ela (ele) tem me feito descobrir essa voz em mim? Essa voz que muitas vezes sem conseguir nem ouvir direito, mas mesmo assim me trás uma paz? Ou ele (ela) tem me feito desencanar, esquecer me fazendo crer que são bobagens de infância ou bobagens de adulto e o que preciso mesmo é de diversão pra relaxar e “esquecer” o resto?

Pensar sobre isso pode ser cansativo e até chato. Pode parecer que não confiamos nos nossos amigos e que podemos está traindo a confiança deles. Será? Uma coisa é certa, pensar sobre isso, pode ser a salvação de uma vida que estava sendo guiada por caminhos que não são os teus.
Outra coisa é certa, pensar sobre isso, pode ser garantia de se descobrir um amigo de verdade que até está do nosso lado e nunca havíamos percebido e poder assim valorizá-lo mais.
                                                        

Se de fato forem amigos eles ficarão se não ficarem, alegre-se e rejubile, pois se livrastes de estorvos e abutres que sugavam sua vida.
Como se pode ver há mais ganhos do que “perdas”.
Que Deus nos dê a graça e o dom de termos verdadeiros amigos.



                                                              (texto escrito por Itamar Antônio)

quinta-feira, 8 de março de 2012

Pq esse "MEDO" ao Sacerdote???

Eis uma enquete postada nas redes sociais, entitulada PQ ESSE MEDO AO SACERDOTE? Segundo a autora, seu objetivo é proposto com as seguintes palavras: "Faces, essa pergunta é uma das que surgem qdo estamos diante de um Sacerdote, seja ele quem for! A Razão do princípio: pq a maioria do povo fala: 'q nada Padre é isso e isso, ñ tenho medo', mas qdo realmente estamos próximos a eles sentimos esse "medo"!! E dps ficamos encucados, poxa ele é um sacerdote de Cristo, enviado para nos conduzir ao Céu e pq temos esse medo em falar, confessar, pedir oração, rezar, partilhar, convidar, etc???? Eis a questão pro povo responder, A voz do Povo é a voz de Deus!!"(Windila Santana).
A mesma solicitou que seus amigos no Facebook votasse na enquete, compartilhasse, comentasse.
Eu não iria me manifestar, mas já que a autora desta enquete solicitou minha participação. Então vamos lá! Me desculpe a sinceridade, mas vivemos numa realidade de liberdade de expressão, por isso, exponho a minha.
A priori é uma enquete sem sentido, fruto da mentalidade de uma sociedade secularizada, a mesma enquete não edifica em nada a vida do cristão católico, pelo contrário, intrísicamente causa questionamentos medonhos sobre a bela figura exercida pelo sacerdote. Mas esta, torna-se interessante ao ponto de podermos refletir sobre a mesma, para isso é interessante conhecer um pouco mais sobre que é ser sacerdote e saber o que de fato é motivo de medo entre as pessoas! Não é necessário ser teólogo, para entender a significância que o sacerdote tem, o seu papel em meio à Igreja de Cristo, sendo um homem de Deus, é de grande admiração. Ser padre é a mais linda vocação que existe, pois este foi escolhido para ser inteiramente de Cristo, a escolha é de Deus, e o seu chamado não se discute. O padre é o representante de Cristo na Terra, este é configurado a ter a mesmas ações de Jesus em meio aos homens, é o Bom Pastor, que acolhe, protege, cuida, ama incondicionalmente suas ovelhas. O padre é o mediador entre o humano e o divino, é portador das bençãos de Deus. Ele é um homem de oração, alguém capaz de viver na solidão, para que na maturidade encontre a si próprio e vá ao encontro dos demais, guiando-os a Deus. Sua presença causa alegria, conforto, acolhida, santificação. Ora, como ainda temer ao sacerdote?
A enquete questiona sobre o medo que a figura do sacerdote causa em algumas pessoas, mas será que de fato é o sacerdote que causa medo? Ou é o medo de se encontrar consigo mesmo e com Deus e se mostar tal como se é, imundo pelo pecado? Somente um sacerdote é capaz de conhecer o homem por dentro, claro se este o permitir, e torná-lo por meio da graça de Deus, limpo através do sacramento da reconciliação. Mas o que vem a tona sobre o medo que algumas pessoas tem de se aproximar do presbítero e pode ajudar a explicar a referida questão, é o papel paterno que o padre possui, padre quer dizer pai. Psicologicamente muitos são afetados pela figura de um pai cruel, grosseiro, que condena. Logo canaliza a relação conturbada que se tem com o pai para o sacerdote. Que equívoco absurdo!( Não estou aqui de modo alienado,  sei que a personalidade de certos padres, às vezes autoritária, arrogante, exigente pastoralmente, contribui para o surgimento deste possível medo, mas é somente fragilidade humana que não nos cabe julgar, afinal os padres não são seres perfeitos).
Ainda, de um ponto profundo, este medo é reflexo da relação que o homem (filho) tem com Deus (Pai). Somente tem medo do sacerdote, que tem medo de fazer a experiência maravilhosa com o amor de Deus misericordioso. Os que despediçam seu tempo em afirmar que a figura do sacerdote causa medo, me desculpe, perdem a oportunidade de estarem mais próximos do PAI misericordioso, tal qual cena do filho pródigo, que vive a estar de braços abertos para nos acolher sempre que fugimos de casa. O pai da clássica parábola preparou o melhor para o seu filho quando este voltou para casa, uma grande festa. Já o sacerdote também nos dá também uma grande festa! Ainda nos lava do pecado, dirige aquela palavra certa na hora certa, nos abraça, nos veste da melhor vestimenta que é a de Cristo, prepara um grande banquete, e nos convida para cear consigo, ou minto quando esta grande festa a que me refiro é a Santa Missa? Ah, não é justificável este medo como atitude de respeito, seria como interpretar de modo errôneo o temor que deve-se ter por Deus. Devemos sim, ter medo do pecado, do Satanás e de suas horrendas obras. Mas do sacerdote, jamais. Peçamos a Deus a purificação de nossa mente e a santificação de nosso coração.
Precisamos olhar no sacerdote não como a figura de um homem comum, de um artista, de um chefe de estado, mas sim, como a figura do Cristo, o Bom Pastor que dá a vida pelas suas ovelhas! Rezemos para que Deus nos dê sempre bons e santos Padres, segundo o seu Coração: “A promessa do Senhor suscita no coração da Igreja a oração, a súplica ardente e confiante no amor do Pai de que, tal como mandou Jesus o Bom Pastor, os Apóstolos, os seus sucessores, e uma multidão inumerável de presbíteros, assim continue a manifestar aos homens de hoje a sua fidelidade e a sua bondade” (Pastores Dabo Vobis, n°82).
                                       (Texto escrito por Dhiego Guimarães)

Você acha que a Igreja Católica deveria voltar a celebrar a missa, de modo que o Padre voltasse para o altar e ficasse de costas para o povo, ou seja, "Ad Orientem ou Versus Deum"?

(Esta não é uma resposta aprofundada e detalhada, mas para isto basta que consultemos algumas obras e textos referentes ao assunto para tirarmos nossas conclusões. Logo entenderemos melhor! Não é um estudo de caso, ou verdade absoluta, apenas uma opinião).

Somos o povo que caminho rumo à terra prometida, a Jerusalém Celeste. Moisés ia à frente do povo a guiá-lo, o mesmo papel é desempenhado pelo sacerdote que nos conduz ao Céu, sendo ele também conduzido. Ora, se somos uma Igreja que marcha rumo ao céu, por que o capitão que segue à frente deveria marchar de costas? Ao contrário do que muitos pensam, esta atitude não seria voltar no tempo, ou o sacerdote durante a celebração ter os ollhos VOLTADOS para Jesus Cristo é um retrocesso? Ele não celebra de costas para o povo, mas assim como o povo, voltado para o Cristo, mesmo sendo configurado a Ele.

Ao contrário do que pensa nossa sociedade "religiosa" secularizada, a proposta de renovação litúrgica do Concílio Vaticano II nunca foi de que o presidente da celebração estivesse de frente para o povo, isto fora somente uma adptação pastoral frustrada. A atenção, o centro, a direção do culto religioso deixou de ser o Cristo, para ser o sacerdote. OU NÃO? Aqui menciono também que o sacrário em nome de razões pastorais ou estética do templo passou a ficar do lado do altar ou então em uma "capelinha" à parte. Deixando Cristo ficar esquecido cada vez mais, nem sequer para ouvirem a João Batista: "que Ele cresça e eu diminua", ou assim como o Parlamento tenta retirar o crucificado de locais públicos, também se tenta  retirar o crucificado do centro das igrejas. Para contornar a situação. um crucifixo é posto à mesa do altar, pois muitos sacerdotes entenderam ou tentam recordar que o centro da celebração deve ser o Cristo e não a mesma celebração ser um show de auto promoção.
Não estou repugnando as mudanças significativas do Concílio Vaticano II sobre a Liturgia, as verdadeiras mudanças contribuiram para uma melhor celebração da Eucaristia. Mas este modo antigo de celebrar, onde de fato, todos celebram (aqui destaco que o presbítero -sacerdócio ministerial- tem o exercício de presidir a celebração e todos os fiéis -sacerdócio comum- são também celebrantes) perdurou por séculos na Igreja e o povo tinha fé convicta e inabalável como a rocha, hoje, em nome de uma melhor participação na liturgia, somente há cinquenta anos de um concílio que ainda está em adaptação, percebemos o relativismo que foi dada à fé, e olhe que era para melhorar a quantidade e a qualidade dos fiéis. 

Tal modo de celebrar jamais foi banido da vida da Igreja, alguns sacerdotes quando celebram sozinhos ou com um pequeno grupo de fiéis ainda o faz desta maneira. Como dizia o salmista: "Nossos olhos precisam estar fitos no Senhor", e aqui acrescento, todos os olhos precisam estar voltados para o Senhor Crucificado. Não condenemos como retrocesso, mas apenas reflitamos sobre este belo SIGNIFICADO no modo de celebrar. Adentremos na ritualidade profunda, e não apenas no ritual superficial. Mais que estudar sobre liturgia, pois é preciso para compreendê-la melhor, a celebremos em nossa vida de fé. O altar não é palco, a assembléia não é platéia, o padre não é artista. A Igreja que se reúne para celebrar, é a prefiguração da Igreja Celeste. Lembremos: Marchamos para lá!  Para mais o Papa Bento XVI oficializou um documento que este modo de celebrar nunca foi suspenso e ainda diz: " O sacerdote virado para o povo dá à comunidade o aspecto de um todo fechado sobre si mesmo. Sua postura não é mais aberta para frente e para cima, mas fechada em si mesma.” Celebremos o Cristo, se pensarmos assim, chegaremos mais fácil até Ele.
                         (Texto escrito por Dhiego Guimarães)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A IGREJA É VIVA, A IGREJA É JOVEM!

         

 “…a Igreja é jovem. Ela leva em si o futuro do mundo e por isso mostra também a cada um de nós o caminho para o futuro. A Igreja é viva e nós vemo-lo: experimentamos a alegria que o Ressuscitado prometeu aos seus. A Igreja é viva ela é viva, porque Cristo é vivo, porque verdadeiramente ele ressuscitou.” (Bento XVI)

Nos últimos dias, a nossa estimada Arquidiocese de Aracaju vivenciou momentos fortes de espiritualidade e renovação da fé.  Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) peregrinaram em solo sergipano.  Certamente, estes dias foram oportunos para que estivéssemos mais “enraízados e edificados em Cristo, firmes na fé”. Que dádiva em meio às festividades de nosso Jubileu Arquidiocesano!  Nossa Igreja Particular centenária esteve mais jovial!  Afinal, nossa juventude marcou presença e semeou a esperança de um mundo melhor, favorecido pela mensagem contida na significação da cruz para os cristãos. Fomos embalados pela emoção de ver os símbolos da JMJ passarem em nosso meio. Muitos acorriam ao seu encontro, queriam ver e tocar com as próprias mãos, reavivar a fé católica ou até mesmo para os privilegiados, ajudar a carregá-los. Ou para alguns, somente tirar uma fotografia como lembrança de um acontecimento espetaculoso. Quanta façanha! Quanta ação divina em meio à nossa juventude!

Mas, o motivo para qual escrevo é outro. Visa refletir sobre algumas realidades críticas e que vale a pena mencionar. A expressão de Bento XVI:  “A IGREJA É VIVA, A IGREJA É JOVEM!” nunca foi tão proclamada como em Aracaju, até virou slogam de divulgação do evento, chegando a tornar-se como um bordão na boca de muitos, como se fosse a única coisa que soubessem falar sobre a importância dos símbolos da JMJ. Assim vimos e ouvimos nas redes sociais, no discurso dos organizadores e apresentadores do evento, nas entrevistas concedidas nas rádios e TV. A rica expressão tomou outra finalidade, “carta na manga” para explanar o significado da peregrinação dos ícones. O que tornou-se algo enjoativo, medonho, sem conteúdo, sem novidade...desejoso de embasamento em seu pleno significado da JMJ.

 E quando ninguém mais conseguia ouvir os brados de que “A IGREJA É VIVA, A IGREJA É JOVEM”, eis que surge “A IGREJA É VIVA, A IGREJA É JOVEM, MAS É DESORGANIZADA!” em protesto à falta de uma precisa articulação dos que tomaram frente da organização do evento. Somente para recordar a carta aberta publicada em redes sociais, onde jovens da paróquia do Santos Dumont foram convocados a se prepararem para ver os símbolos passarem em seu território paroquial, porém, ficaram surpresos com a mudança repetina da programação. Seria mais interessante que os símbolos passassem pela Zona Sul de Aracaju! Gratidão é a expressão precisa aos que se dispuseram e empenharam-se por amor à causa. O setor Juventude de nossa arquidiocese está de parabéns pela disponibilidade em servir. Mas é preciso aprender com Jesus, que organizou a multidão no episódio da multiplicação dos pães, de tal forma que, todos ficaram satisfeitos. Caso contrário, não combina somente aparecer! Para mais, decidiu-se copiar a idéia da nomenclatura do evento realizado em São Paulo, cujo nome mais parece um slogam de campanha política: BOTE FÉ! Esvaziando a denotação da fé para os cristãos, apesar das justificativas para este emblema ser as melhores possíveis. Faltou identidade cultural, personalidade, criatividade! Exemplos favoráveis estiveram bem próximos de nós, a Diocese de Propriá denominou o evento de acolhida dos símbolos como: “Aproximai-vos do Senhor!”. Já a Diocese de Estância como “No peito eu levo uma Cruz”. (É mais aplausível!) Para maior decepção, ouve quem se atreveu a cantar no palco do evento, a música que tem esta expressão como refrão, com a letra em mãos. A bela composição do padre Zezinho é um clássico de nossa Igreja no Brasil, ou seja, bem cantada e ouvida há anos, não precisava colar.
 Enquanto isso, operadores tentavam consertar o trio elétrico que conduziria outros músicos que iriam animar a caminhada com os símbolos pelas principiais avenidas da cidade. Nas inúmeras tentativas frustradas, estes trabalhadores foram vistos a chorar! Que forte experiência com o amor de Deus! Não esqueceremos cenas fascinantes desta experiência fantástica, como a de um sacerdote que não mediu esforços, se dispondo a atender confissões, exercendo seu verdadeiro papel de conduzir o homem ao Pai. Assim como este, temos tantos outros frutos colhidos, que ficaram ocultos aos olhos do homem, mas acolhidos pelo coração de Deus! 


Embora, alguns por menores viessem a acontecer, o encanto favorecido pelo evento não deixou de existir. O ato histórico da passagem dos símbolos da JMJ em terras sergipanas deixará profundas marcas! Vimos o retrato de uma gente que tem fé, e ao mesmo tempo expõe a verdadeira sede que tem de Deus. Não há dúvida, a fé do Povo de Deus fora reavivada! Em especial, a juventude “bombou” numa escandalosa oportunidade para expressar o orgulho em pertencer à Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica. Todos a cantar, a bendizer, a louvar, a adorar o Senhor que passou pela cruz...com preces ou palavras de agradecimentos, a uma só voz e um só coração, em uma mesma fé.  Só nos resta engrandecer ao Senhor como fizera a Virgem Maria. Que a nossa vida seja uma eterno Magnificat! Grupos de Jovens das mais variadas paróquias de nossa Arquidiocese se fizeram presentes, todos por acreditarem que a Cruz de Cristo é o nosso sinal de Salvação. Ah, vale ressaltar que os mesmos estavam reunidos em torno do Pastor! Nosso arcebispo Dom José Palmeira Lessa não mediu esforços para se fazer presente em meio à juventude, se fazendo um com todos.

Dom Lessa deu um show à parte, esbanjou jovialidade por onde os símbolos traçavam o percurso programado nos vicariatos da arquidiocese. Desde a acolhida da Cruz e do Ícone Mariano na cidade de São Domingos até a entronização na Catedral Metropolitana, vimos o empenho de um bispo que, embora limitado pela idade e bastante atarefado, ousou a se fazer presente em todos os momentos. Seja com uma palavra, um discurso preparado ou simplesmente expressando sua juventude ao acompanhar os símbolos herdados do saudoso papa João Paulo II e agora é continuado pelo papa Bento XVI. Quanta surpresa! Esperava-se a figura do eloquente Dom Henrique, conhecido pela sua capacidade peculiar em proferir belos discursos e esbanjar carisma com a juventude por ser um bispo jovem. Mas este estava em recesso, aproveitando para estar com a família. Contudo, nosso amado Dom Lessa não se deteve às suas impossibilidades, não mediu esforços para se fazer presente em meio à juventude.  Quanta beleza!  Agora sim, vale esplanar: “A IGREJA É VIVA, A IGREJA É JOVEM!”. O sorriso avistado no semblante de nosso pastor era notável, sua participação na peregrinação dos símbolos da JMJ em nossa arquidiocese era confundida com a de centenas de jovens que também vieram se fazer presente. O arcebispo que nos últimos tempos, tanto contribuiu para o progresso de nossa Igreja com inúmeros trabalhos, nem parecia que estava prestes a completar seus setenta anos de idade, sua juventude era confundida com a de outros jovens de quinze, vinte ou trinta anos. Nem pareceu que a saúde debilitada, impediu de prestigiar tal momento. Certamente, outros virão. Estaremos juntos na JMJ RIO 2013! Unidos como Igreja de Cristo, guiados pelo nosso pastor Dom Lessa. Iremos ao encontro do Vigário de Cristo na terra, Bento XVI. Não por que será sua última viagem continental, como fora convocado como motivo para a participação na jornada, tampouco para realizar um turismo religioso ao invés de peregrinar, como nos parece nos testemunhos de muitos que foram para a JMJ em Madrid ano passado. Mas para expressar a fé universal contida em nossa Igreja. Para ser uma experiência única de aprofundamento da fé e de aproximação a Jesus Cristo, com a oração e os sacramentos, juntamente com milhares de jovens que partilham as mesmas inquietações e aspirações em torno do Papa, sinal de unidade dos cristãos católicos.


Nossa juventude está de parabéns pela frutuosa participação na acolhida dos símbolos da JMJ em nossa arquidiocese. Foi exposto para muitos de nossa saciedade que insiste em banir a religião, o rosto jovem de nossa Igreja, e ao contrário do que muitos pensam e acreditam, ainda há jovens que sentem orgulho de serem de Deus. Que constantemente fazem a experiência com o Cristo Vivo e Ressuscitado que passou pela Cruz, nos proporcionando o shalom eterno do Pai, a verdadeira felicidade, que jamais passa e nos faz participar de uma festa que nunca se acaba, que é o banquete da Vida. Que aprendamos da Virgem Maria representada no ícone da JMJ, a estar sempre de pé diante da Cruz. Vale ressaltar que a Cruz da JMJ e o Ícone de Nossa Senhora foram entregues pelo Papa João Paulo II à juventude para serem levados ao mundo inteiro como sinal da presença de Jesus e de Maria junto aos jovens. Desde então, já peregrinaram por todos os continentes. E agora está no Brasil, quando este se prepara para a próxima Jornada Mundial da Juventude em 2013, na cidade do Rio de Janeiro. Estaremos juntos em mais esta experiência com o amor de Deus, em comunhão com a Igreja Viva e Jovem!